
Davide Ancelotti no comando Real Madrid em 14/04/2025
Desde que virou SAF (Sociedade Anônima do Futebol), o Glorioso parece participar de um reality show de treinadores.
E, para elevar a trama ao nível internacional, John Textor foi buscar ninguém menos que Davide Ancelotti, filho do multicampeão Carlo Ancelotti, para ser o novo comandante do Alvinegro carioca.
Mas quem é Davide? O que o Botafogo espera dele? E quais missões quase impossíveis ele terá pela frente?
Respira fundo, prepara um café e vem entender essa história que envolve Champions League, Brasileirão, Libertadores, lesões, reforços mal encaixados e um novo “Botafogo Way”.
Quem é Davide Ancelotti? O filho pródigo do banco de reservas
Se fosse num roteiro de filme, Davide seria o jovem príncipe que, ao invés de herdar o trono de um reino, herda o banco de reservas de clubes gigantes.
Nascido em Parma, Itália, ele tentou seguir o caminho do pai como jogador. Chegou a vestir as cores do Milan e a esquentar o banco do Borgomanero (o que, sejamos honestos, pouca gente ouviu falar).
Percebendo, contudo, que talento com a bola no pé não era hereditário, Davide se dedicou aos estudos em Ciências do Esporte.
Assim, aos 23 anos, virou preparador físico do PSG, na época comandado por quem? Isso mesmo, Carlo Ancelotti. De lá pra cá, não largou o pai:
- 2012: PSG – Preparador físico
- 2013: Real Madrid – Auxiliar na preparação física
- 2016: Bayern de Munique – Auxiliar técnico
- 2018: Napoli – Auxiliar técnico
- 2019: Everton – Auxiliar técnico
- 2021: Real Madrid – Auxiliar técnico
- 2025: Seleção Brasileira – Auxiliar técnico
Trabalhar ao lado de um dos técnicos mais vitoriosos da história não é pouca coisa. Davide ajudou a empilhar taças: 2 Champions League, 2 La Ligas, uma Bundesliga e um Mundial de Clubes.
Se não levantava a taça, ao menos entregava as planilhas de treino e discutia táticas com um dos maiores estrategistas do futebol moderno.
Por que o Botafogo quis Davide Ancelotti?
A resposta é tão óbvia quanto um pênalti marcado pelo VAR: ousadia.
John Textor, o chefão do projeto SAF, quer transformar o Botafogo em algo maior do que um coadjuvante. E se tem uma coisa que atrai manchete, mídia e expectativa é trazer um treinador com sobrenome pesado.
O Botafogo estava órfão de técnico desde a queda de Renato Paiva, dispensado após a eliminação no Mundial de Clubes. Paiva até tentou ser carismático, mas a torcida o chamou de “burro” e a paciência acabou.
A média de permanência de técnicos na era SAF é de seis meses. No entanto, só o Luís Castro quebrou a estatística, resistindo heroicamente por mais de um ano.
Agora, Davide chega com contrato até o fim de 2026. E mais: não vem sozinho. Sua comitiva inclui dois auxiliares técnicos e um preparador físico de confiança. É como se fosse abrir uma filial da família Ancelotti na sede de General Severiano.
Missões de Davide Ancelotti no Botafogo: estilo Missão Impossível
A chegada de Davide é digna de filme de ação. Ele terá que saltar de paraquedas, desarmar bombas (metafóricas, claro) e, assim, entregar resultados ontem.
Portanto, o segundo semestre promete ser puxado, com jogos quarta e domingo, mata-matas da Libertadores e da Copa do Brasil, além de seguir firme no Brasileirão.
Principais desafios
- Adaptar Arthur Cabral
- Sai Igor Jesus, vendido ao Nottingham Forest.
- Entra Arthur Cabral, ex-Benfica, para ser o novo homem gol.
- Igor era móvel, fazia pivô, ajudava na construção.
- Arthur é finalizador raiz: gosta de viver na área.
- Cabe a Davide encaixar essa peça no quebra-cabeça ofensivo.
- Definir um esquema tático com identidade
O Botafogo Way, como diz John Textor, precisa ser vertical e ousado. Nada de futebol burocrático.
Renato Paiva se atrapalhou ao mudar do 4-4-2 para o 4-2-3-1 e depois para o 4-3-3 com três volantes. Textor torceu o nariz.
Agora, Davide tem que dar DNA europeu, mas com alma carioca.
- Recuperar reforços adormecidos
- Santi Rodríguez, contratado para ser o novo Thiago Almada, virou figurante. Teve até lateral improvisado como ponta no lugar dele.
- Nathan Fernandes, joia ex-Grêmio, vive mais no departamento médico do que em campo.
- Chegaram também Joaquín Correa e o promissor argentino Álvaro Montoro — Davide terá que encaixá-los rápido.
- Ganhar a confiança da torcida
A torcida do Botafogo tem histórico de amor intenso — mas também de paciência curta. Renato Paiva que o diga.
Davide precisará mostrar carisma, pulso firme e resultados logo de cara para evitar vaias no Mané Garrincha, onde estreia no clássico contra o Vasco.
Detalhismo europeu em solo brasileiro
Uma das marcas de Davide Ancelotti como auxiliar sempre foi atenção extrema aos detalhes. Em entrevista ao jornal espanhol Marca, Davide revelou:
“Dez anos atrás, era possível abrir mão de alguns aspectos do jogo. Hoje não. Para competir bem, tudo precisa ser preparado nos mínimos detalhes.”
Essa mentalidade pode soar quase um choque de cultura no Brasil, onde os treinos, às vezes, viram rachão e churrasco.
Assim, Davide trará planilhas, debates táticos e análise minuciosa — e espera-se que os jogadores embarquem nessa.
Riscos e recompensas do Botafogo nessa jogada ousada
A decisão de trazer Davide é uma aposta de alto risco e alta recompensa.
Por um lado, um técnico jovem e inexperiente pode derrapar na pista escorregadia do futebol brasileiro.
Por outro, se der certo, o Botafogo pode colher os frutos de ter um novo nome internacional moldado na escola mais vitoriosa do mundo.
Dessa forma, para segurar o projeto até 2026, será preciso resistir à tentação de demitir no primeiro tropeço. A SAF do Botafogo não pode virar uma máquina de triturar treinadores.
Para isso, Davide vai contar com sua comissão própria, algo que garante mais coesão interna.
O que podemos esperar de Davide Ancelotti?
Se você quer saber se o Botafogo vai virar um mini-Real Madrid, segura a empolgação. Mas dá pra imaginar um time mais organizado, com transições rápidas e foco no detalhe.
A meta é deixar de ser o time do “quase” e ganhar cara de time que briga por títulos de verdade.
As expectativas são altas. Davide não tem experiência como técnico principal, mas aprendeu em ambientes de elite.
Se ele conseguir transmitir um pouco do método Ancelotti ao elenco, o Glorioso pode, quem sabe, escrever novos capítulos históricos.
Lições dessa novela botafoguense
Para encerrar, portanto, fica o lembrete: Davide Ancelotti não é apenas “o filho de Carlo”. É um profissional que construiu uma formação sólida nos bastidores.
Entretanto, vai precisar provar que tem estofo para ser mais que coadjuvante da própria história.
O Botafogo, por sua vez, mostra que não tem medo de ousar. E o torcedor? Bem, de tédio o botafoguense não morre — isso é uma certeza.


