
Quando Bahia e Fortaleza se enfrentaram na partida decisiva das quartas de final da Copa do Nordeste, o torcedor mais desavisado poderia pensar: “Lá vem mais do mesmo”.
Mas a verdade é que, por trás do placar de 2×1 para o Esquadrão, esconde-se uma história de evolução — ou da falta dela.
E quem acompanhou de perto essa disputa viu que, se futebol fosse uma receita de bolo, o Bahia seguiu a receita direitinho, enquanto o Fortaleza esqueceu de ligar o forno.
Bahia: menos espetáculo, mais organização
É fácil dizer que o Bahia mereceu vencer — afinal, venceu — mas a vitória vai além do placar.
Em campo, o time não foi brilhante o tempo inteiro.
Chegou a desperdiçar chances que poderiam ter transformado o 2×1 em goleada.
Até os 30 minutos de jogo, o esperado era que o Bahia já estivesse com pelo menos dois gols de vantagem.
As oportunidades apareceram, mas a pontaria decidiu tirar folga.
Mesmo assim, o torcedor do Bahia teve motivos para ficar tranquilo: quando o time está organizado, a bola pode até teimar em não entrar, mas a chance de sucesso aumenta.
O esquema tático montado funcionou como aquele amigo que não é o mais engraçado da turma, mas resolve os problemas na hora que a coisa aperta.
Fortaleza: quando o elenco não salva o roteiro
Do lado do Fortaleza, a história foi outra. O time até esboçou momentos de lucidez.
Em alguns lances, parecia que ia mostrar serviço, mas ficou nisso mesmo: um lampejo aqui, outro ali.
A torcida, coitada, já começa a saber de cor o argumento que circula em cada derrota: “Falta elenco”.
E o comentarista do vídeo, com paciência de professor de cursinho, reforça: não é só elenco.
O problema mora no esquema, ou melhor, na falta de um que funcione.
Enquanto o Bahia usava o tempo de intertemporada para alinhar as peças, o Fortaleza ainda parece procurar a tampa da panela.
Jogadores como Mateus Pereira até brilharam individualmente, mas é como esperar que uma lâmpada ilumine uma casa inteira sem fiação.
O resultado é sempre o mesmo: clarão pontual, escuridão geral.
O peso do comando técnico


Nossa análise também coloca o dedo na ferida do comando técnico.
De um lado, o Bahia mostrou que quando há uma ideia clara, até uma atuação abaixo da média rende frutos.
Do outro, o Fortaleza de Vojvoda seguiu patinando, mesmo com tempo para treinar e reforços à disposição.
O professor teve tempo de sobra, mas o que entregou foi tímido — quase um suspiro de evolução, engolido pelo desespero de mais uma eliminação.
O placar que vai além do resultado
O 2×1 final foi justo: o Bahia tem hoje mais time — não por ter melhores jogadores, mas por ter uma estrutura mais sólida.
A diferença entre os dois ficou clara, mesmo que o Fortaleza tenha criado algumas chances de ataque.
Se futebol fosse uma corrida, o Bahia largou na frente, tropeçou, mas ainda cruzou a linha de chegada primeiro.
Já o Fortaleza ficou tentando amarrar o cadarço enquanto o juiz apitava o final.
Lições do duelo
No fim das contas, essa partida escancarou verdades que torcedores dos dois lados preferem ignorar quando o juiz apita:
- Organização tática vale mais do que contratações milionárias.
- Treino é importante, mas só se o técnico souber o que fazer com o tempo.
- Um jogador brilhante não salva um time perdido.
Para o torcedor do Bahia, o recado é claro: o Esquadrão segue na briga, mas precisa evoluir se quiser voos mais altos.
Já o Fortaleza tem mais uma temporada para repensar o que quer ser.
E, enquanto isso, o torcedor segue fiel — mas cada vez mais exigente com quem promete entregar resultado e só serve prato cru.
No fim, fica o aviso: futebol não é mágica, é trabalho bem-feito. E trabalho não aceita truque.


